Qual, dentre todas as flores, seria a mais bela? As rosas, tão perfumadas, tão lindas, tão simbólicas … Com seus labirintos enigmáticos, seriam as rosas as mais lindas dentre todas as flores?
Ou seriam as tulipas, com sua variedade de cores, que mais se assemelham a perfeitos cálices do mais delicioso néctar?
E os girassóis, que iluminam qualquer paisagem, como o próprio sol o faz?
Difícil saber … Talvez todas sejam perfeitas, seja pelos olhos de quem as vê, pelo olfato de quem as sorve ou, simplesmente, pelo tato de quem as toca. Ah, as flores …
Como tenho sido constantemente acusado de somente abordar temas polêmicos, hoje vou contar para vocês uma linda história sobre flores. Acho que não tem como gerar confusão, já que flores são flores. Então, nada pode dar errado, correto?
Na casa onde minha mãe mora há uma linda jabuticabeira. O que a faz ser mais bonita do que as outras é o contraste de suas cores naturais com a paisagem bucólica de uma metrópole. É como se, no meio de tantos prédios, uma ilha verde se erguesse, imponente, intocável. Uma verdadeira sobrevivente!
Um de meus lugares favoritos é uma mesinha simples, de metal, colocada próxima à sombra da jabuticabeira. Sento-me lá quase todos os dias. Principalmente nos últimos dias.
Eu, minha mãe, minha madrinha e minhas irmãs adoramos simplesmente ficar ali, olhando aquele simples – porém lindo – espetáculo da natureza que, apesar dos ataques da modernidade, sobrevive de forma valente.
Às vezes, nem conversar conversamos. Estar ali, em silêncio, já nos basta. Nem percebemos o tempo passar. Apenas respiramos aquele ar puro, lentamente, sem pressa. E observamos as nuvens mudarem seus desenhos no céu. Já pensaram como as nuvens parecem ser impressões digitais de Deus?
Nos dias de chuva, observamos a jabuticabeira pela janela. Fica ainda mais linda! Pingentes de água proporcionam um verdadeiro show de pureza e simplicidade. Como eu adoro aquele lugar …
Há alguns meses, todavia, “alguém” teve uma ideia aparentemente maravilhosa. Colocar duas orquídeas no tronco da jabuticabeira, para torná-la ainda mais linda. E lá elas foram afixadas, conferindo cores vivas à paisagem já tão perfeita.
Algo estranho, no entanto, aconteceu. Inexplicavelmente, a frondosa árvore parou de dar flores. Ela continuava ali: linda, verde, encantadora. Porém, parecia estéril. Sua viva cor verde perdeu intensidade. Nenhuma florzinha surgiu. Nada indicava que teríamos frutos neste ano. O que poderia ter acontecido?
Adivinhem o que fez com que aquela linda árvore, que há tantos anos resistiu a toda sorte de agressões da cidade grande – como poluição e calor – parasse de dar frutos? Exatamente o que vocês estão pensando: as lindas orquídeas!
Instaladas bem no baixo tronco da jabuticabeira, elas estavam sugando boa parte da água e da energia vital da árvore, impedindo que ela florescesse e pudesse dar seus frutos.
As lindas e delicadas orquídeas estavam, de uma forma lenta (porém cruel!), matando nossa árvore, impedindo-a de prosseguir com o mais lindo espetáculo da natureza, que é a continuidade da vida.
Há um provérbio popular que diz:
“Até as flores medem a sorte. Enquanto umas anunciam a vida, outras consolam na morte!”
Quase que instantaneamente, retiradas as orquídeas, as flores retornaram, brancas e vigorosas. Das flores, frutos ainda pequenos já despontam. Eles se transformarão, no devido tempo da natureza, nas deliciosas e perfumadas jabuticabas.
Muitas delas terão o rumo certo de nosso paladar. Mas, o mais importante é que a vida seguirá seu curso.
E eu vos pergunto: quantas pessoas agem em nossas vidas exatamente como as lindas orquídeas que minavam a energia de uma árvore tão grande, tão forte?
Quantas pessoas aproximam-se de nós, apenas para sugar nossa força vital, ainda que disfarçadas de amigas? Ainda que para dar uma falsa sensação de cor à nossa existência? Quantas pessoas tentam, de uma forma dissimulada, retirar nossa alegria de viver?
Existem diversas pessoas tóxicas espalhadas por aí. Muitas, estão disfarçadas de lindas orquídeas ou de outras formas ainda mais sedutoras, que agem em nossas vidas como verdadeirosvampiros emocionais.
O irônico é que não é nem um pouco difícil reconhecer tais pessoas nocivas. Mesmo que se escondam por detrás de belas formas ou embalagens encantadoras, a energia que emitem torna sua identificação fácil.
Não se iludam, todavia. Apesar de ser fácil descobrir quem são nossos parasitas, é muito difícil nos afastarmos deles. Em nossa história real, duas lindas orquídeas, duas das mais lindas criações de Deus, acabaram por se transformar, involuntariamente, em abjetas vampiras.
O que dizer, então, das pessoas que de nós se aproximam, travestidos de amigos, com o único objetivo de viver às custas de nossa energia?
Retiro, para mim, duas grandes lições. A primeira é que não precisamos nem podemos odiar as orquídeas. Em seu ambiente próprio, elas deixam de ser parasitas e passam a ser o que, de fato são: lindas criações de Deus! Criações que, ao invés de minar as energias de outros seres, entregam sua beleza para transformar a vida em um paraíso de cores.
A segunda lição, e talvez a mais importante, é que precisamos redobrar nossa atenção para podermos identificar as pessoas que tentam viver às custas de nossa fonte vital, de nossos sonhos. Como eu disse, é fácil identificar, pois ao contrário das orquídeas que exalam um delicioso aroma, os parasitas fedem!
Fiquem com Deus!
André Mansur Brandão
Diretor-Presidente
ANDRÉ MANSUR ADVOGADOS ASSOCIADOS