A responsabilidade objetiva da empresa se baseia nos riscos inerentes à pesca em alto mar, que causaram o acidente de trabalho fatal.

A Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) manteve a condenação dos armadores de um barco pesqueiro que naufragou em 2013 na costa de Santa Catarina, resultando na morte de um pescador. O colegiado entendeu que a absolvição posterior do mestre da embarcação pelo Tribunal Marítimo não elimina a responsabilidade trabalhista associada aos riscos da atividade de pesca em alto mar.

O naufrágio ocorreu em 4 de setembro de 2013, durante uma tempestade perto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, resultando na morte de quatro tripulantes e no desaparecimento de um quinto, que foi posteriormente declarado morto. A ação trabalhista foi movida pelo filho de um dos pescadores falecidos, resultando na condenação da empresa a pagar uma indenização por danos morais e pensão mensal.

A condenação se baseou em várias provas, incluindo um laudo da Capitania dos Portos que indicava que o barco navegava no piloto automático sem tempo suficiente para corrigir seu rumo e velocidade, além de estar com um tripulante a mais do que o permitido. Em 2016, o Tribunal Marítimo absolveu o mestre da embarcação, classificando o acidente como um caso de “fortuna do mar”, um termo usado para eventos naturais imprevisíveis.

Os armadores buscaram anular a condenação trabalhista com base na absolvição pelo Tribunal Marítimo, argumentando que essa decisão constituía um novo documento de prova. No entanto, essa tentativa foi rejeitada, pois o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC) concluiu que a responsabilidade objetiva da empresa se baseia no risco da atividade, independentemente da culpa.

O relator do recurso no TST destacou que a decisão do Tribunal Marítimo, sendo posterior à sentença trabalhista, não podia ser considerada um “documento novo” para fins processuais. Ele também enfatizou que a responsabilidade da empresa se mantém devido aos riscos inerentes à pesca em alto mar, e que as decisões técnicas do Tribunal Marítimo podem ser reexaminadas pela Justiça do Trabalho. A decisão foi unânime.

Fonte: Conjur

Essa notícia foi publicada originalmente em: Donos de barco devem indenizar por morte de pescador em naufrágio, decide TST (conjur.com.br)

Veja Mais

Deixe seu comentário