Tudo que entendemos como normal agora é excepcional. Até o que era permanente, agora, é temporário, transitório.

Por isso, TEMOS DE SER RÁPIDOS!

Existem duas pandemias ocorrendo ao mesmo tempo. Ambas certamente já são do conhecimento de todos.

A primeira, causada por um vírus mortal, que afetou todo o globo terrestre, causando milhares de mortes em todo o mundo.

A outra, uma pandemia econômica, quase tão grave quanto a primeira, que consiste na quebra iminente de boa parte do sistema capitalista, como o conhecemos.

Se a pandemia do coronavírus tem matado milhares de pessoas todos os dias, a econômica deve fazê-lo de forma lenta e gradual, lamentavelmente. Seja pelo desemprego, pela pobreza extrema e pela fome.

Isso, é claro, se os governantes não intervierem rapidamente.

É indispensável que a sociedade tenha fôlego, ainda que de forma mínima, para suportar o longo e rigoroso inverno que, diga-se, já chegou. Se demorarmos muito, haverá, sim, muitas mortes. Lentas, dolorosas e cruéis.

O momento exige mais ação do que qualquer outra coisa. Mas, aquele que passa pelos momentos difíceis da vida, sem refletir sobre o real significado de tais momentos, terá sofrido em vão.

Temos de reconstruir esse mundo, antes mesmo que ele seja destruído. Temos de ser rápidos. E temos de ficar juntos.

É hora de resgatarmos as pessoas em suas necessidades básicas. Alimentação, moradia, vestuário e segurança. E, é claro, muita higiene.

É fundamental protegermos nossas micro, pequenas e médias empresas da quebra iminente. Justo elas, que sempre foram os maiores polos geradores de empregos.

Temos de salvar, também, as grandes empresas, principalmente, as que sempre foram parceiras da sociedade, gerando empregos e reinvestindo na economia.

Todavia, é hora de algumas corporações ajudarem a pagar um pouco da conta da sociedade que está em agonia.

Bancos e financeiras, que sempre ganharam muito mais que deveriam, cobrando taxas de juros escorchantes, algumas das mais altas de todo o mundo, devem dar, nesse momento, a sua contribuição para a humanidade.

Sob pena de, não o fazendo, tornarem-se os únicos sobreviventes de uma era marcada pela ganância humana.

É hora dos bancos e financeiras suspenderem as cobranças de empréstimos, ainda que por tempo determinado.

Se as pessoas tiverem de pagar seus compromissos bancários, nesse momento, em que todos devemos ficar em casa, não sobrarão recursos para as pessoas sequer se alimentarem.

É hora de reduzirem suas taxas de juros, com linhas de créditos viáveis, com grandes períodos de carência.

É hora de devolverem uma pequena parte da gordura que acumularam às custas da inanição da sociedade brasileira.

Gordura localizada, patológica, guardada ao longo de décadas e décadas, protegidos por um sistema que sempre os favoreceu, que os beneficiou e que sempre os protegeu.

Isso, certamente, não se dará de forma espontânea. A ganância destrói suas vítimas, mas cega aqueles que a praticam, de forma institucionalizada, tornando-os insensíveis à dor e ao sofrimento alheios.

De qualquer forma, seja voluntariamente ou não, chegou a hora dos bancos e financeiras devolverem um pouco do que levaram.

Eles acenarão com renegociações, composições de dívidas, concessão de falsas carências etc. Nada disso, todavia, atende ao grave momento histórico que somente está começando.

É essencial que pessoas e empresas possam usufruir da MORATÓRIA, na acepção da palavra, com suspensão da cobrança de taxas, juros e quaisquer encargos inerentes à falta de capacidade de pagamento temporária causada pelo momento atual de toda humanidade, que se caracteriza por um estado de iminente DEPRESSÃO MACROECONÔMICA que se aproxima, velozmente.

Em uma sociedade organizada, isso se dará pela caneta de magistrados do Brasil inteiro, que certamente não se furtarão, no sentido de aliviar a dor e a fome que se aproximam de nossa sociedade, em grande velocidade, como uma avalanche que avança em direção a uma pequena vila, ao pé de uma montanha de neve.

Após mais de 30 anos de vida profissional, 20 deles dedicados, intensa e apaixonadamente à Advocacia, eu realmente acredito na JUSTIÇA.

Acima da justiça dos homens, entretanto, eu creio na JUSTIÇA DE DEUS, que certamente entrará nos corações das mulheres e homens que compõem o Poder Judiciário, para que possam fazer o que tem de ser feito, nesse momento de tanta tristeza e de dor.

Eu realmente acredito que vamos vencer!

Pessoalmente, sobrevivi a toda sorte de adversidades desde que me entendo por gente. Mas a vida me apresentou a pessoas maravilhosas, que me ensinaram que, com muito esforço, trabalho e decência, podemos tudo.

Que Deus nos dê força para que atravessemos esses momentos, sem perder a fé, sem perder a esperança e, principalmente, sem perder o presente maior que Ele, em sua máxima bondade, nos deu: nossas vidas!

Belo Horizonte (MG), 24 de março de 2020.

André Mansur Brandão
Advogado

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