Justiça condena empresa que contratou ex de funcionária com medida protetiva

A contratação do ex-companheiro violou a medida protetiva, que exigia que ele se mantivesse a uma distância mínima de 300 metros da trabalhadora.

A 4ª turma do TRT da 3ª região decidiu por unanimidade negar o recurso de uma empresa de avicultura e manter a sentença que determinou a rescisão indireta do contrato de trabalho de uma funcionária, além do pagamento de indenização por danos morais. A trabalhadora havia enfrentado uma situação de risco quando descobriu que seu ex-companheiro, com histórico de violência, havia sido contratado para trabalhar no mesmo local e turno em que ela estava empregada.

A desembargadora relatora do caso constatou que a funcionária havia informado seu superior sobre a situação problemática com seu ex-companheiro, que estava sujeito a uma medida protetiva judicial. Apesar disso, a empresa o contratou para o mesmo turno e setor que ela frequentava, o que levou a funcionária a se afastar do trabalho e ajuizar a ação trabalhista.

A decisão da relatora manteve a sentença original, argumentando que a atitude da empresa aumentou o risco para a funcionária, já que era certo que ela e o ex-companheiro se encontrariam tanto no transporte quanto nas dependências da empresa. A contratação do ex-companheiro violou a medida protetiva que exigia que ele se mantivesse a uma distância mínima de 300 metros da trabalhadora, configurando a exposição a um perigo significativo.

A decisão também confirmou a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, ajustando o valor para R$ 5 mil, que foi considerado mais apropriado conforme os critérios reguladores do tema. O ajuste levou em consideração a culpa do agente, as condições socioeconômicas e outros fatores pertinentes à responsabilidade civil.

Além disso, foi determinado que ofícios fossem enviados ao CNJ para o cadastramento da decisão no Painel Banco de Sentenças e Decisões, com a aplicação do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero. Essa medida se baseou nas diretrizes do Conselho Nacional de Justiça e no Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero 2021, considerando a natureza da lide e sua relação com temas de violência e assédio moral.

Fonte: Migalhas

Essa notícia foi publicada originalmente em: Empresa é condenada por contratar ex de empregada com medida protetiva – Migalhas

Opinião de Anéria Lima (Redação)

Como ir ao trabalho e encontrar, bem ao seu lado, a violência em forma de pessoa?

Imagine o pavor dessa funcionária que, ao se deparar com seu ex-companheiro agressor no ambiente de trabalho, sente sua segurança e dignidade ameaçadas. Este caso destaca uma falha grave da empresa, que ignorou a medida protetiva, expondo a trabalhadora a uma situação insuportável e perigosa.

A negligência da empresa não é apenas uma falha administrativa; é uma falta de respeito e empatia com a segurança e o bem-estar dos funcionários. Em um momento em que a proteção das mulheres deve ser uma prioridade absoluta, é imperativo que tais falhas sejam condenadas com rigor e que ações concretas sejam tomadas para evitar que outras mulheres enfrentem o mesmo terror no ambiente de trabalho.

Este texto não reflete necessariamente a opinião de André Mansur Advogados Associados, Dr. André Mansur Brandão ou qualquer um dos colaboradores da equipe.

Filho é condenado por falta de assistência à mãe idosa e doente

O réu, que morava com a mãe depressiva, portadora de Parkinson e câncer de mama, era encarregado de cuidar dela, mas falhou em cumprir suas responsabilidades.

Por decisão unânime, a 11ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença da 3ª Vara Criminal de Marília, que condenou um homem por negligência nos cuidados com sua mãe e por colocá-la em situação de risco. As penas impostas foram de quatro anos, oito meses e 18 dias de reclusão, além de dois anos, um mês e três dias de detenção, ambos a serem cumpridos inicialmente em regime aberto.

Conforme os registros do caso, o réu residia com a mãe, que sofria de depressão, Parkinson e câncer de mama, e era encarregado de cuidar dela. No entanto, ele falhou em cumprir suas responsabilidades, inclusive não buscando suplementos médicos essenciais para a idosa nos postos de saúde.

Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, agentes da polícia civil encontraram a vítima em estado crítico e a encaminharam a uma instituição para idosos. Lá, foi constatado o péssimo estado em que ela se encontrava. Pouco tempo depois, a idosa faleceu.

Na decisão, o relator do recurso enfatizou que a culpabilidade do acusado foi demonstrada tanto pelas evidências apresentadas quanto pelos depoimentos. As testemunhas relataram que o filho, responsável legal pelo cuidado da mãe, a deixava sozinha em situações de perigo iminente, impedia o acesso de profissionais de saúde e não a levava às consultas médicas necessárias.

Além disso, o réu dificultava que a cuidadora repassasse informações sobre o estado de saúde da mãe e impedia a irmã de prestar qualquer auxílio. Ele também não fornecia a alimentação e os suplementos necessários, mantendo a mãe em condições insalubres e desumanas, o que piorou significativamente seu estado de saúde e culminou em sua morte. Diante disso, a corte considerou comprovada a prática dos crimes imputados ao réu.

Fonte: Conjur

Essa notícia foi publicada originalmente em: Filho é condenado por falta de assistência à mãe (conjur.com.br)